quarta-feira, 23 de junho de 2010

Engenharia Educacional?

No site Educação Sem Distância (http://educacaosemdistancia.org.br), Marcond de Marchi faz uma reflexão interessante sobre projeto instrucional para educação a distância. Neste post (http://educacaosemdistancia.org/index.php?mod=discuss&d=18), ele compara o desenvolvimento de conteúdo para educação a distância com o desenvolvimento de software, fazendo um paralelo da evolução da engenharia de software com alguns aspectos da evolução de projeto de conteúdos educacionais.

Apesar de concordar com a essência do post do Marcond, com a necessidade e inevitabilidade de se estabelecer metodologias de projeto instrucional e de tornar este processo um pouco mais previsível, não me sinto confortável com o termo "Engenharia".

Estou entendendo que, ao se falar em Engenharia Educacional, temos que trazer para a educação os conceitos de otimização de produção, de automação, de padronização e uso de componentes intercambiáveis que fizeram da engenharia (não só de software, mas de modo geral) o que ela é hoje. Posso estar exagerando um pouco, mas não vejo estes valores e requisitos, tão úteis para a engenharia, como positivos em si para a educação. Este entendimento, porém, não invalida a necessidade de estabelecimento de técnicas que possibilitem reutilização de "objetos de aprendizagem" e a produção em menor tempo, para se produzir conteúdo educacional em um mercado cada vez mais exigente e imediatista.

Acredito que seja mais saudável caminharmos para uma "Arquitetura Educacional" do que uma "Engenharia Educacional", pois entendo que o foco da engenharia é no aspecto "econômico" da obra, enquanto a arquitetura tem foco no aspecto "humano" do negócio. Vamos, sim, utilizar técnicas e processos para acelerar e tornar mais previsível o projeto educacional, mas sem perder de vista que cada curso é uma obra única, com o foco em um público específico, e que deve ser percebida de confortável, divertida e contextualizada para este público. Em resumo, é uma diferença sutil de percepção do foco do "projetista" educacional: no "instrutor" ou no "aluno". A Engenharia tenderia a focar no instrutor, nos aspectos de praticidade e versatilidade de aplicação do curso nos mais diversos contextos, enquanto a Arquitetura tenderia e focar do aluno, e em como fazê-lo "se sentir em casa" fazendo o curso.

Além disto, voltando mais ao foco do artigo do Marcond, vejo muitos "produtos" de software (em geral, produtos de software livre) feitos "por fora" das metodologias tradicionais de engenharia de software, com a utilização de técnicas colaborativas, em que cada desenvolvedor trabalha "do seu jeito" e o produto final acaba ficando muito bom! Este pessoal (as comunidades de software livre) me parece trabalhar mais com "artesanato" de software do que com "engenharia" de software, e, com isto, consegue resultados excelentes e "exclusivos". Acho que vale uma reflexão neste sentido também para o design instrucional (quem sabe um novo post por aqui?).